dilemas de lealdade
Em “O que devemos uns aos outros? Dilemas da lealdade”, Sandel discute sobre responsabilidades coletivas e reivindicações da comunidade. Questões como, por exemplo, se as nações devem pedir perdão por erros históricos? Devemos honrar a memória dos que sofreram injustiças? Devemos pagar pelos erros dos nossos predecessores? São perguntas que questionam o individualismo moral, e são discutidas por Sandel. Após várias aproximações ao pensamento de Locke, Kant e Rawls, o autor defende às reivindicações comunitárias fazendo, primeiramente, uso da proposta de Alasdair MacIntyre. Para MacIntyre, nos somos seres que contam histórias, MacIntyre apresenta uma concepção narrativa da vida humana, concepção que é teleológica, como são as histórias, mas também como nas histórias, teleologia e imprevisibilidade coexistem.
“Viver a vida é representar um papel em uma jornada narrativa que aspira a uma certa unidade e coerência”, nesta narrativa, que é a nossa própria vida, não estamos sozinhos, somos membros de uma família, uma nação, um povo. Nossa condição de membros de grupos marca nossa identidade. Somos pessoas que vivem suas vidas inseridas em grupos como um eu engajado. Ora, para Sandel, nossa identidade comum acarreta, em nossas vidas, uma responsabilidade coletiva e uma solidariedade voluntária.
No capítulo “A justiça e o bem comum”, o autor começa com uma pergunta intrigante: “Todos os nossos deveres e obrigações derivam de um ato de vontade ou escolha?”. Neste capítulo o autor faz uma repetição das perspectivas de Kant, Rawls e Aristóteles, para depois defender a sua concepção narrativa da vida moral. Na argumentação de Sandel, “deliberar sobre o que é bom para mim envolve refletir sobre o que é bom para as comunidades às quais minha identidade está ligada”, o desafio é, em sociedades pluralistas como as sociedades atuais, deliberar conjuntamente sobre a justiça e a vida boa. Mas é, também, perguntar-se sobre a plausibilidade ou não de, ao