Dilemas da moral iluminista
Para os filósofos e teólogos medievais, como Santo Tomás de Aquino, a felicidade plena só se encontra na união plena do ser humano com Deus. Desde a expansão do cristianismo, a cultura ocidental ficou marcada por uma tradição moral cujo fundamento se encontra em valores religiosos. Nessa perspectiva, os valores são considerados transcendentes, porque resultam de doação divina, e o homem moral só pode ser alguém que obrigatoriamente ama e teme a Deus. Neste sentido temos uma maior explanação sobre o tema na lição do professor Isaac Epstein:
Trata-se de "leis", não no sentido de constrições inalteráveis como são entendidas as leis das ciências naturais, mas coerções a que os atores, sujeitos-objetos destas "leis" podem alterar, numa certa medida e em determinadas circunstâncias. (EPSTEIN,1979).
No entanto, a partir da Idade Moderna, a moral passou a ser considerada a partir de um ponto de vista laico, isto é, não religioso. Portanto, ser moral e ser religioso deixaram de ser as mesmas coisas, tornando-se perfeitamente possível admitir que um homem ateu seja moral. Ou, mais ainda, que o fundamento dos valores morais não se encontra em Deus, mas no próprio ser humano. Em outro sentido Habermas se posiciona de forma mais aberta tenta abrir esse diálogo acerca da relação sujeito-objeto, vejamos:
Para Habermas, chegou o momento de abandonar o paradigma da relação sujeito-objeto, que tem dominado grande parte do pensamento ocidental, substituindo-o por outro paradigma: o da relação comunicativa, que parte das interações entre sujeitos, lingüisticamente mediatizadas, que se dão na comunicaçõa cotidiana. Dentro desse novo paradigma, a racionalidade adere aos procedimentos pelos quais os protagonistas de um processo comunicativo conduzem sua argumentação, com vistas ao entendimento último, referindo-se, em cada caso, a três contextos distintos: o mundo objetivo das coisas, o mundo social das normas e o mundo