Diferenças e igualdade
A inclusão escolar está articulada a movimentos sociais mais amplos, que exigem maior igualdade no acesso de todos a bens e serviços. Associada a sociedades democráticas que estão pautadas na igualdade de oportunidades, a inclusão propõe a desigualdade de tratamento como forma de restituir uma igualdade que foi rompida por formas segregadoras do ensino especial e regular.
Fazer valer o direito à educação para todos não se limita a cumprir o que é de lei e aplicá-la,o assunto merece um entendimento mais fundo dessa questão de justiça. A escola justa e desejável para todos não se sustenta unicamente no fato de os homens serem iguais e nascerem iguais. Mesmo os que defendem o igualitarismo até às últimas consequências entendem que não se pode ser igual em tudo.
A diferença propõe o conflito e a imprevisibilidade, a impossibilidade do cálculo, da definição, a multiplicidade incontrolável e infinita. Essas situações não se enquadram na cultura da igualdade das escolas, introduzindo nelas um elemento complicador que se torna insuportável e delirante para os que as compõem e as defende, tal como ela ainda se mantém. De fato, a diferença é difícil de ser recusada, desvalorizada. Se negada, há que assimilá-la ao igualitarismo essencialista e, se aceita e valorizada, há que se mudar de lado e romper com os pilares nos quais a escola tem se firmado até então. A igualdade abstrata não propicia a garantia de relações justas nas escolas e a igualdade de oportunidades, a marca das políticas igualitárias e democráticas no âmbito educacional, também não consegue resolver o problema das diferenças nas escolas, porque escapam ao que é proposto, quando se confrontam com as desigualdades naturais e sociais dos alunos. Ser gente é correr, sempre o risco de ser diferente. E se a igualdade traz