Diferenças culturais, cotidiano escolar e pratica pedagogica
Lúcia Klein e Helena Sampaio
A partir das principais mudanças que ocorreram nos sistemas de ensino superior da Argentina, Chile, Brasil e México, este estudo se propõe a analisar as grandes linhas de política para o setor nos últimos vinte anos, identificando os atores que participaram do processo de formulação dessas políticas e as arenas onde foram discutidos os temas básicos e efetuadas as negociações e ajustes que resultaram em novas estratégias e diretrizes.
Nos países em estudo, a expansão dos sistemas de ensino superior veio responder a uma demanda crescente por formação universitária. Essa demanda provinha, sobretudo, de uma classe média que também se expandia rapidamente em função das altas taxas de crescimento da economia e de seu ritmo de terciarização. Na realidade, esse processo marca um ponto de inflexão nos sistemas de ensino superior: o padrão orientado para a formação das elites e da burocracia governamental se esgotara, colocando a necessidade de redimensionar o sistema em direção a um ensino de massas, capaz não só de absorver um contingente crescente de candidatos como também de formar, em ritmo acelerado, profissionais em novas carreiras e áreas de especialização. Em maior ou menor grau, essas mudanças ocorreram a partir de um conjunto de políticas governamentais que visavam a estabelecer as bases para a organização de um sistema mais moderno e eficaz. Embora a expansão em si não tivesse decorrido de uma política, em alguns casos ela ocorreu no rastro de uma reforma universitária que preparou o terreno ou atuou como um fator de estímulo indireto.
A análise que se segue privilegia os seguintes aspectos: quando e como se processou a expansão do ensino superior em cada um desses países e qual a dimensão dos sistemas que daí resultaram; como foram elaboradas as políticas para o ensino superior nos últimos vinte anos, em que medida previam a participação, formal ou informal, dos