Didática
I
Posso dizer que cantei
Aquilo que observei;
Tenho certeza que dei
Aprovada relação
Tudo é tristeza e amargura,
Indigência e desventura,
Veja, leitor, quanto é dura
A seca no meu sertão.
(ASSARÉ, Patativa do. Patativa do Assaré uma voz do Nordeste. São Paulo: Hedra, 2000, p.129)
II
JOÃO GRILO (suspirando):
Tudo o que é vivo morre. Está aí uma coisa que eu não sabia! Bonito, Chicó, onde foi que você ouviu isso? De sua cabeça é que não saiu, que eu sei.
CHICÓ
Saiu mesmo não, João. Isso eu ouvi um padre dizer uma vez.
(Esta cena, a partir daqui, é cortável a critério do encenador, até a frase “Mas deixe de agonia, que o povo vem aí”.)
Foi no dia em que meu pirarucu morreu.
(SUASSUNA, Ariano. Auto da compadecida Rio de Janeiro: Agir, l975, p.57)
2. Leia com atenção a seguinte crônica, intitulada “O pavão”, de Rubem Braga:
Eu considerei a glória de um pavão ostentando o esplendor de suas cores; é um luxo imperial. Mas andei lendo livros, e descobri que aquelas cores todas não existem na pena do pavão. Não há pigmentos. O que há são minúsculas bolhas d’água em que a luz se fragmenta, como em um prisma. O pavão é um arco-íris de plumas. Eu considerei que este é o luxo do grande artista, atingir o máximo de matizes com o mínimo de elementos. De água e de luz ele faz seu esplendor; seu grande mistério é a simplicidade.
Considerei, por fim, que assim é o amor, oh! Minha amada; de tudo que ele suscita e esplende e estremece e delira em mim existem apenas meus olhos recebendo a luz do teu olhar. Ele me cobre de glórias e me faz magnífico.
(In: BRAGA, Rubem. Ai de ti, Copacabana p. 120)
3. Assinale a alternativa que contém uma afirmação CORRETA sobre a crônica. a) A explicação da natureza da ave é considerada mais importante que a fantasia. b) A objetividade excessiva torna explícito o caráter científico do texto. c) O autor