Didática
No ambiente escolar é comum o professor iniciar o estudo de uma nova disciplina dando-lhe o conceito – ou definindo-a. Começa-se, em geral, dizendo o que é aquilo que se vai estudar. Quem vai estudar física, inicia dizendo o que física. E a partir dessa definição pensa já estar sabendo algo de física. Só então é que continua o estudo. Essa é uma forma correta de se começar algo. Mas não é a única. Talvez nem seja a melhor forma de se começar um estudo!
Existem outras formas, em alguns casos, por vezes mais eficientes.
Em muitos casos o que se diz sobre as outras áreas do conhecimento pode-se aplicar à filosofia. Por vezes com proveito e em outros casos nem tanto. Mas aqui não vamos proceder como se faz no estudo das outras áreas, pois a filosofia é diferente. Primeiro por que não é muito fácil dizer o que é filosofia. Depois por que o conceito será sempre aproximativo. Além disso, toda definição é limitada e sempre deixa algo de fora, ficando sempre alguma explicação a ser dada; toda definição é uma tentativa de “por um fim” na discussão, mas a filosofia está sempre iniciando uma nova discussão, portanto não lhe cabe uma definição.
O fato é que muito se fala sobre filosofia, entretanto nem tudo corresponde à verdade. Nem tudo o que se diz sobre algo faz desse algo aquilo que se diz dele. O que se diz é uma visão, uma versão, um ponto de vista. A realidade daquilo que se fala é mais do que aquilo que se pode dizer.
E isso se aplica à filosofia. O professor Manuel Garcia Morente diz que “é absolutamente impossível dizer de antemão o que é filosofia. Não se pode definir filosofia antes de faze-la. [...]. Só se sabe o que é, realmente filosofia quando se é, realmente filósofo. Que quer dizer isso? Isso quer dizer que filosofia, mais do que qualquer outra disciplina, necessita ser vivida” (Morente, 1967, p. 23)
Aqui, portanto, começamos a falar sobre o que não é filosofia. O que não é pode indicar uma pista para o