Didaticas e etica na formacao de docente
Dra. Maria Manuela Alves Garcia
Faculdade de Educação – UFPel
Desde alguns anos que a questão da Didática e do lugar dos saberes pedagógicos na formação e profissionalização docente tem-me chamado atenção e impulsionado alguns de meus estudos (GARCIA, 1994, 1995).
Em investigação que desenvolvi para minha Tese de Doutorado (Garcia, 2000) retomei, à luz dos estudos de Michel Foucault acerca da ética e dos modos de subjetivação do sujeito moderno, essa mesma questão. Tomando como objeto de análise os discursos pedagógicos críticos e seus enunciados acerca do trabalho docente crítico, problematizei as pedagogias críticas e suas propostas didáticas enquanto tecnologias humanas que envolvem os sujeitos pedagógicos (professores e alunos) em trabalho ético, no qual são levados a tomarem-se como objetos de análise de modo a fabricarem-se no interior de certos princípios e regras de conduta que pautam um jeito de ser e agir como sujeitos críticos, de princípios, conscientes e politicamente engajados. A discussão que aqui trago é uma derivação desse trabalho. Quero defender, a partir da demonstração de um caso em particular − o das pedagogias e didáticas críticas − que a Didática, assim como outros saberes da formação profissional dos docentes, é uma tecnologia fortemente implicada na produção de modos de ser e de fazer-se professor, professora. A Didática propõe uma ética e uma ascética para os docentes, interpela os aprendizes do trabalho docente com discursos e exercícios que conformam o que Michel Foucault denominou de as tecnologias de si, ou o cuidado de si, uma condição indispensável a quem se designa ou arvora ao cuidado e à educação dos outros.
A escolha dos discursos que fiz para o estudo, considerou a influência que as pedagogias freireanas e a pedagogia histórico-crítica tiveram em diferentes níveis de ensino no Brasil durante as décadas de 1980 e 1990, inclusive nos currículos de formação docente em