didatica
João Rodolfo Munhoz Ohara (História, UEL) André Luiz Joanilho
Palavras-chave: práticas de leitura; distinção social; construção de identidade.
A leitura torna-se, cada vez mais, um campo de distinção social. Com o crescimento das taxas de alfabetização e o aumento do acesso à informação escrita nas últimas décadas, elevou-se também o número de receptores de tais informações; observa-se, entretanto, uma espécie de paradoxo: na mesma medida em que o acesso aos meios de comunicação escritos se torna gradualmente mais difundido, haja vista, por exemplo, as recentes pesquisas sobre o analfabetismo e escolaridade no Brasil 1, fala-se muito, dentro do ambiente escolar e acadêmico, sobre uma crise da leitura 2. É sobre tal cenário que deve se estabelecer um duplo questionamento: o primeiro diz respeito às práticas de leitura contemporâneas, muito ligadas aos meios digitais e aos textos desconsiderados pela academia; o segundo, às relações de poder simbólico que se apresentam na legitimação ou na desqualificação de determinadas práticas de leitura.
A disseminação de novas formas de comunicação escrita traz consigo o surgimento de novas comunidades de interpretação; mais que isto, essas novas formas e comunidades – as novas práticas – marcam a construção de novos grupos, com suas próprias conexões e apropriações identitárias que, como qualquer grupo recém- estabelecido, buscam sua afirmação em relação às práticas já estabelecidas. Este processo se coloca no centro de um jogo de poder entre aqueles que detêm a capacidade de designar a legitimidade de práticas e objetos, e os novos grupos que procuram se consolidar. Ainda assim, a marginalização das novas práticas não as torna menos reais; pode-se transferir para este campo simbólico a reflexão de Michel de Certeau a respeito de grupos sociais franceses de fins da década de 60 e começo da década de 70:
O desígnio que um grupo elabora