Dialética
O pensador mais radical da dialética na Grécia antiga foi Heráclito de Efeso (aprox.. 540-480 a. C.). O Fragmento n°91 deixado por ele, em especial, tornou-se famoso: nele lê-se que um homem não toma banho duas vezes no mesmo rio. Por quê? Porque da segunda vez não será o mesmo homem e nem estará se banhando no mesmo rio (ambos terão mudado).
Havia uma perplexidade em relação ao problema do movimento, a mudança. Os gregos preferiam a resposta de Parmênides, que ensinava que a essência profunda do ser era imutável e dizia que a mudança era um fenômeno de superfície. Essa linha de pensamento – que podemos chamar de metafísica – acabou prevalecendo sobre a dialética de Heráclito. De maneira geral, independentemente das intenções dos filósofos, a concepção metafísica prevaleceu ao das classes dominantes. A concepção dialética foi reprimida, historicamente: foi empurrada para posições secundárias, condenada a exercer uma influência limitada. A metafísica se tornou hegemônica. Mas a dialética não desapareceu. Para sobreviver, precisou renunciar às suas expressões mais drásticas, precisou conciliar com a metafísica, porém conseguiu manter espaços significativos nas idéias de diversos filósofos de enorme importância. Embora menos radical que Heráclito, Aristóteles (384-322 a. C.) foi um pensador de horizontes mais amplos que o seu antecessor; e é a ele que se deve, em boa parte, a sobrevivência da dialética. Segundo Aristóteles, todas as coisas possuem