Dialética campo-cidade

Dialética campo/cidade

Na tentativa de compreender as constantes mudanças e os processos que modelam as relações sociais diante de seu contexto histórico-espacial, faz-se necessário abandonar lógicas tradicionais em detrimento da abordagem estabelecida pela lógica dialética, cujo princípio resvala em um novo conceito de história.
Segundo Hegel, a dialética fundamenta o presente como fonte de estudo das conseqüências do processo de contradições e dilaceração do seu tempo. Assim, a história não é um conjunto de fatos acontecidos no tempo, mas de acontecimentos cujo motor interno é a contradição dialética.
Ainda nessa perspectiva, com a transformação da filosofia idealista em materialista, Marx, defende a lógica dialética sob a égide de contradições insolúveis pautadas na economia capitalista e no conflito de classes, redefinindo a reprodução da sociedade. É nessa direção que se configura a análise aqui sugerida do processo de ocupação e organização do espaço nordestino a partir da óptica e via de parâmetro da dialética entre cidade/campo, a qual apresentam-se condensadas, dicotomias que se tornam latentes a medida em que explicitam interesses dispares que por sua vez, resultam em relações de conflito e inversão de contradições no mundo atual.
Sendo assim, a priori, é relevante postularmos as contribuições históricas ocorridas durante a ocupação e organização do espaço em questão provenientes de contradições que ora resultaram em complementação na lógica dialética, ora divergiram da relação cidade/campo.
Para tanto, é condição sine qua non observarmos que o estudo da ocupação do espaço, do povoamento e da organização econômica do território nordestino, está diretamente ligado ao estudo dos ciclos econômicos do Brasil, estando sujeito as oscilações na demanda dos produtos de exportação para o mercado europeu, como destaca Manuel Correia de Andrade:

[...] foram estes dois grandes ciclos econômicos , o do algodão e da cana-de-açúcar os formadores dos