dialetica
José Renato Salatiel, Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
27/10/200818h13
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A recente crise financeira que abalou os mercados comerciais do mundo todo e que, muito provavelmente, em maior ou menor grau, provocará uma recessão econômica em escala global, em nada surpreenderia Karl Marx (1818-1883), que, no século 19, previu abalos semelhantes.
No entanto, diferente da análise de Marx, as crises parecem, hoje, ser mais um processo de ACOMODAÇÃO do sistema capitalista do que o prenúncio de seu fim, como queria o pensador alemão na época.
Contradições como estas são lugares comuns na leitura da extensa e complexa obra de Marx. Se, depois da queda do muro de Berlim e da falência dos regimes socialistas no Leste Europeu, no final da década de 1980, foi o próprio marxismo que entrou em crise, pode-se, apesar disso, dizer que é impossível entender o século 20 e, também, entrar no século 21 sem conhecer as revolucionárias ideias de Marx.
Por que, afinal, Marx é tão importante e controverso? Será que suas ideias continuam atuais?
Ao final das Teses contra Feuerbach (1845), Marx escreveu sua célebre frase: "Os filósofos se limitaram a interpretar o mundo de várias formas; cabe transformá-lo". E, realmente, poucos teóricos realizam tal proeza: foi com base em suas teorias que, por mais de 50 anos, o mundo esteve dividido em dois antagônicos blocos políticos e econômicos, um capitalista e outro socialista.
Nas mãos de políticos e estudiosos marxistas, o pensamento de Marx converteu-se em doutrina que, ainda hoje, orienta partidos políticos no Brasil, como o PCdoB e o PSOL, e movimentos sindicais e populares, como o MST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra).
Mas, em sua maior parte, a doutrina marxista é de "segunda mão", ou seja, originária de interpretações dadas por dirigentes soviéticos como Lênin, Trotsky e Stálin, ou o chinês Mao