dialetica da colonização
Esta cultura, segundo Bosi, tem o processo de sua formação antes e também agora sob o limiar da escrita, não obstante uma visão ocidentalizante e colonizadora insista em estigmatizá-la como sobrevivente a um estado de primitivismo e de subdesenvolvimento.
Por outro lado, vemos que também outra posição diametralmente oposta é apontada por Bosi, ao apresentar a vertente romântico-nacionalista, mítica, que considera valores eternamente válidos os transmitidos pelo folclore, e ignora ou recusa as suas vinculações com a cultura de massa e a cultura erudita. Contudo, o autor chama nossa atenção para a confluência entre as duas manifestações, apontando para uma “teoria da aculturação que exorcise os fantasmas elitista e populista, ambos agressivamente ideológicos e fonte de arraigados preconceitos” (1992, p. 324).
E, para corroborar sua tese, exemplifica:
Cultura popular implica modos de viver: o alimento, o vestuário, a relação homem-mulher, a habitação, os hábitos de limpeza, as práticas de cura, as relações de parentesco, a divisão das tarefas durante a jornada e, simultaneamente, as crenças, os cantos, as danças, os jogos, a caça, a pesca, o fumo, a bebida, os provérbios, os modos de cumprimentar, as palavras tabus, os eufemismos, o modo de olhar, o modo de sentar, o modo de visitar e ser visitado, as romarias, as promessas, as festas do padroeiro, o modo de criar galinha e porco, os modos de plantar feijão, milho e mandioca, o conhecimento do tempo, o modo de rir e de chorar, de agredir e de consolar... (1992, p. 324).
O autor possibilita uma compreensão ampliada dessas três formas de manifestações estabelecendo:
A cultura erudita cresce principalmente nas classes altas e nos segmentos mais protegidos da classe média: ela cresce com o sistema escolar. A cultura de massa, ou indústria cultural, corta verticalmente todos os estratos da sociedade, crescendo mais significativamente no interior das classes médias. A cultura popular