Diagnostico
1. Introdução
No nível em que se encontra o desenvolvimento institucional brasileiro, a cidadania é um conceito incompreensível e distante para a maioria da população, visto ser ela conscientemente excluída dos centros decisórios. O que há na verdade é uma cidadania passiva, que não se imiscui nos assuntos públicos e que se mostra orientada por escolhas das quais não participa.
Desta maneira, a proposta central deste trabalho é muito mais a de suscitar dúvidas, do que chegar a respostas a respeito dos problemas envolvendo a construção da cidadania, bem como demonstrar que em um contexto historicamente excludente como o nosso, o papel desempenhado pelo cidadão só poderá ser claramente compreendido se tivermos como referencial teórico a interdisciplinariedade.
Vale dizer, buscam-se novas formas de pensar a efetivação real da cidadania, haja visto que apesar de ser esta um dos fundamentos de nosso Estado Democrático de Direito (CF: art. 1o, inc.II), continua tendo muito mais um valor nominal, fazendo-se mister uma esfera pública onde as pessoas, individualmente consideradas, atuem como verdadeiros cidadãos.
Parte-se, portanto, da idéia de que é atualmente impossível entendermos qualquer tema de modo particular, pois nenhuma área científica consegue resolver todos os questionamentos isoladamente. E é justamente por isso que o presente estudo não tem uma linguagem única, utilizando-se de conceitos e resultados advindos dos diversos campos do saber, permitindo deste modo uma integração ou convergência positiva das inúmeras disciplinas existentes.
Neste sentido, vale salientar que o assunto em questão aceita uma série inesgotável de linhas de pensamento, o que denota o caráter interdisciplinar da matéria. Assim, filósofos, sociólogos, cientistas políticos e demais estudiosos, enquadram a cidadania a partir de prismas diferentes e ao mesmo tempo específicos, objetivando com isto, escapar dos estereótipos ingênuos existentes.