DIABETE MELLITUS
SIMPÓSIO PÉ DIABÉTICO
O diabetes melito e a desnervação dos membros inferiores: a visão do diabetólogo
Diabetes and polyneuropathy of the lower limbs in the perspective of diabetologists
Helena Schmid1, Cristina Neumann2, Laura Brugnara3
De todas as complicações sérias e de alto custo que afetam os indivíduos com diabetes melito (DM), as úlceras nos pés e as amputações nos membros inferiores são as principais. Mais de 70% de todas essas amputações são relacionadas ao diabetes melito, e, em algumas áreas geográficas, níveis próximos a 90% têm sido descritos. Segundo Levin1 e também de acordo com uma publicação norte-americana sobre controle de doenças2, os problemas dos pés são responsáveis por
20% das internações de pessoas com diabetes melito.
Comparados aos não-diabéticos, esses indivíduos têm um risco de amputação em membros inferiores estimado como estando aumentado em 15% a 40%3. No Rio de Janeiro, esta prevalência é ainda maior4. Em 80% dos pacientes diabéticos, a polineuropatia é um fator causal de úlcera nos pés5, freqüentemente associandose à doença vascular.
Para os diabetologistas, ambas as complicações vasculares e neurológicas do diabetes melito são resultado da entrada excessiva de glicose em células de tecidos como o neuronal, o endotelial e o mesangial, locais onde o transporte de glicose é controlado por transportadores que não respondem à falta de insulina absoluta ou relativa com diminuição dos níveis intrace-
lulares de glicose. Vários desses tecidos são suscetíveis ao envelhecimento mais precoce e/ou manifestações características das complicações microvasculares em resposta a um controle metabólico não-adequado, pressão arterial elevada e fatores genéticos, conforme tem sido identificado por nós mesmos e em vários outros estudos6-9. Várias evidências mostram que, com o objetivo de prevenir essas complicações, os pacientes diabéticos devem ser diagnosticados precocemente e