Deus cartesiano

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Deus

Deus desempenha um papel central no sistema filosófico de Descartes. Na validação cartesiana do conhecimento, a existência de um criador perfeito tem que ser demonstrada para que o meditador passe do conhecimento subjetivo isolado de sua própria existência ao conhecimento de outras coisas; o movimento que parte do eu (Segunda Meditação) para o mundo externo (Sexta Meditação) não poderia realizar-se sem a argumentação das Meditações' intermediárias, que são, em grande parte; tomadas por uma investigação sobre a existência e a natureza de Deus.
Vejamos a Quinta Meditação: Vejo claramente que a certeza e a verdade de todo o conhecimento dependem unicamente de meu próprio conhecimento do verdadeiro Deus, de sorte que, antes de conhecê-lo, não fui capaz de saber perfeitamente qualquer outra coisa. Agora, entretanto, é-me possível alcançar o conhecimento certo e completo de inúmeras coisas relativas a Deus e a outras naturezas intelectuais, e também relativas ao todo da natureza corpórea, que é objeto da matemática pura" (AT VII 71: CSM 11 49).
O sistema de conhecimento de Descartes depende, por um lado, do poder do intelecto para discernir a verdade por meio de suas "percepções claras e distintas" e, por outro lado, da resolução tomada pela vontade de ater-se a tais percepções (Quarta Meditação). Todo o procedimento pressupõe a "regra da verdade" – Parece-me que já posso estabelecer como regra geral que tudo aquilo que clara e distintamente percebo é verdadeiro (Terceira Meditação, AT VII 35).
O papel central da divindade para garantir a regra da verdade é um ponto em que Descartes sempre insiste: se não soubéssemos que tudo o que é real e verdadeiro em nosso interior vem de um ser perfeito e infinito, então, por mais claras e distintas que fossem nossas percepções, não teríamos, ainda assim, motivo para a certeza de que continham em si. a perfeição de serem verdadeiras" (Discurso, Parte IV).
O intelecto humano é uma das obras criadas por Deus,

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