Deus Apolo e Zeus
Apolo
Apolo nasceu no dia sete do mês délfico Bísio, que corresponde, no calendário ático, ao mês Elafebólion, ou seja, segunda metade de março e primeira de abril, nos inícios da primavera. Tão logo veio à luz, cisnes, de uma brancura imaculada, deram sete voltas em torno da ilha de Delos. Suas festas principais celebravam-se no dia sete do mês. As consultas ao Oráculo de Delfos se faziam primitivamente apenas no dia sete do mês Bísio, aniversário do deus. Sua lira possuía sete cordas. Sua doutrina se resumia em sete máximas, atribuídas aos sete Sábios. Eis aí o motivo por que o pai da tragédia, Ésquilo, o chamou augusto deus Sétimo, o deus da sétima porta. Sete é, pois, o número de Apolo, o número sagrado. Zeus enviou ao filho uma mitra de ouro, uma lira e um carro, onde se atrelavam alvos cisnes. Ordenou-lhes o pai dos deuses e dos homens que se dirigissem todos para Delfos, mas os cisnes conduziram o filho de Leto para além da Terra do Vento Norte, o país dos Hiperbóreos, que viviam sob um céu puro e eternamente azul e que sempre prestaram ao deus um culto muito intenso. Ali permaneceu ele durante um ano: na realidade, uma longa fase iniciática. Decorrido esse período, retornou à Grécia, e, no verão, chegou a Delfos, entre festas e cantos. Até mesmo a natureza se endomingou para recebê-lo: rouxinóis e cigarras cantaram em sua honra; as nascentes tornaram-se mais frescas e cristalinas. Anualmente, por isso mesmo, se celebrava em Delfos, com hecatombes, a chegada do deus. O filho de Zeus estava pronto e preparado para iniciar a luta, que, aliás, foi rápida, contra Pitón, o monstruoso dragão, filho da Terra, que montava guarda ao Oráculo de Geia no monte Parnaso e que a ira ainda não apaziguada da deusa Hera lançara contra Leto e seus gêmeos. Este deus que se está apresentando, já em roupas de gala, paramentado e etiquetado, não corresponde ao que foi no primórdios o senhor de Delfos. O Apolo grego, o Apolo do