Desumanização e Coisificação do outro
Introdução
Qual o limite da escuta analítica? É possível escutar toda a experiência humana? Será que nós psicanalistas temos modelos para tanto, ou seria pura arrogância? Bion nos alerta para a escuta ‘sem desejo e sem memória’ a qual talvez caiba aqui destacar inclusive, sem o próprio desejo de escuta. Alguns poderiam objetar que tudo o que o homem diz, faz, fala é possível se ouvir, é passível de escuta. Talvez não seja o caso de algumas experiências extremas, como a analisada nesse trabalho – o relato de Primo Levi sobre como sobreviveu à ao campo de trabalho em Auschwitz.
E talvez diante dessas experiências extremas qualquer desejo de escuta soe, e seria ético que assim soasse, arrogante. Este é um dos desafios desse trabalho – como não soar arrogante diante da experiência vivida nos campos de concentração? Ao mesmo tempo, tal sujeito grita para ser ouvido, lhe é um sonho recorrente que ele narre para o Outro essa história, a sua história, mas paradoxalmente ninguém o ouve. Esta é solidão do indizível! É a solidão daquele que não pode narrar na sua completude toda a sua experiência, simplesmente porque o outro não tem escuta para isso.
Este trabalho não pretende “escutar” a experiência narrada por Primo Levi, não pretende