Deslocamento da igreja católica (anos 1960)
A Igreja Católica também não passou livre dos impactos da Revolução Cubana ou de toda a conjuntura história dos anos 1960. Assim como todas as construções humanas, que nunca são blocos homogêneos, ela também está sujeita a contradições.
Ao final dos anos 1950, muitos setores da Igreja começaram a questionar a ideologia desenvolvimentista. A Igreja de Cuba passou a apoiar a Revolução Democrática e defendia a reforma agrária. Temos então a ‘Igreja dos Pobres’, um pequeno setor que começou a pautar sobre a desigualdade e o subdesenvolvimento na América Latina. Na Europa, sobretudo na França e na Alemanha, eclesiásticos conhecem o marxismo e se aproximam dele. Esses membros da Igreja buscam o intercâmbio pela América Latina, e alguns chegam a promover cursos no Brasil e estudos sobre as favelas.
Surgem, dentro própria Igreja Católica, focos de crítica ao capitalismo. Não associemos crítica ao capitalismo a comunismo, necessariamente. A Igreja, nesse momento, apoiava apenas a primeira fase da Revolução Cubana (a Revolução Democrática). Mas crescente adesão dos cristãos à Igreja dos Pobres preocupa a Igreja Católica que não consegue manter sua antiga doutrina social (a última datava de 1931). Era preciso se atualizar, se reformular.
São formuladas novas encíclicas papais, bem diferentes das anteriores. Nesse momento, são defendidos: o direito de associação dos trabalhadores, a justiça na distribuição do produto social, a harmonia entre o setor privado e público, o acesso de todos à propriedade (não é o fim da propriedade), as reforma agrária. O bem estar material dos povos é objeto de preocupação e as formas de desigualdade entre os diferentes povos são criticadas. A luta social havia virado um elemento religioso.
O Vaticano legitima a Igreja dos Pobres e, a seus adeptos, é dado o nome de Esquerda Cristã. As idéias da Esquerda Cristã começam a influenciar a Ação Católica. Após certas tensões e um rompimento com Ação Católica,