Desigualdade de genero
EDUCAÇÃO EM ANGOLA E (DES)IGUALDADES DE GÉNERO: QUANDO A TRADIÇÃO CULTURAL É FACTOR DE EXCLUSÃO Eugénio Alves da Silva Universidade do Minho esilva@iep.uminho.pt Maria João de Carvalho Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro mjcc@utad.pt
Resumo A educação em Angola tem revelado nos últimos 5 anos progressos quantitativos e qualitativos, traduzidos no incremento das matrículas e da frequência escolar no ensino primário e na qualificação dos professores. Nesta base, tem-se materializado a bom nível o 2º Objectivo de Desenvolvimento do Milénio (alcançar o ensino primário universal) mas tem sido problemática a realização do Objectivo nº 3 respeitante à promoção da igualdade de género na educação. Entre os factores explicativos das desigualdades contam-se: a estrutura da rede escolar deficitária no meio rural, a pobreza das famílias; e as tradições culturais (ritos de iniciação) que, em conjugação, impedem a permanência das raparigas na escola, conduzem ao abandono precoce, ao que se segue o casamento e a maternidade. A comunicação visa abordar as características, problemas, medidas e desafios das políticas educativas e do sistema educativo angolano para garantir a igualdade de género no acesso e frequência à escola para que se assegure a fruição da condição de cidadania das mulheres rurais sobre quem mais recaem os efeitos da pobreza e da tradição cultural que as desvaloriza socialmente.
Introdução Abordar a educação em Angola na sua relação com a educação tradicional que ocorre no meio rural é um desafio complexo devido à escassez de estudos sobre o assunto e porque se assume que a educação oficial, em regime democrático, por si só, gera as condições de igualdade e dignidade entre os cidadãos. A educação tradicional em Angola não tem sido suficientemente valorizada do ponto de vista do seu contributo para a construção da cidadania