Descartes
A PERSPECTIVA RACIONALISTA
SUMÁRIO O racionalismo O racionalismo de Descartes: ( Intuição e Dedução ( O Método Inspirado na Matemática ( A Dúvida Metódica
Voltemos ao nosso esquema e ao exemplo do gato. Se, em vez de imaginarmos um gato, quisermos pensar todos os gatos possíveis, onde vamos buscar o conceito com que pensamos esses animais? Como é mesmo possível pensar o que quer que seja se não tivermos conceitos? Por exemplo, imaginemos que um caçador da pré-história quer contar os animais de uma manada que encontrou nas suas expedições de caça. Como pode ele querer contar (isto é, estabelecer uma unidade, a sua sucessão, e uma pluralidade ou totalidade) se não dispuser da noção ou do conceito de quantidade?
Há pensadores que, ao contrário dos empiristas, afirmam que, ou temos representações inatas, ou a nossa consciência (razão, inteligência) é capaz de criar representações dos objectos, e estes não são tais como nos parecem ser (nem sequer são como nós os julgamos ver), pois a nossa consciência condiciona o modo como nos relacionamos com a realidade.
Para estes pensadores, a relação entre o objecto e a representação não é igual à que existiria segundo os empiristas. Deste ponto de vista, que se costuma designar por racionalismo, o sujeito é activo e, ao criar as representações, está a obrigar o objecto a «submeter-se» aos seus esquemas inatos, às suas estruturas ideais. Em esquema, podemos representar esta perspectiva da maneira que se segue.
SUJEITO COGNOSCENTE
Os pensadores racionalistas atribuem um papel fundamental à razão e às suas noções na elaboração do conhecimento. Os grandes filósofos racionalistas, como Platão, no século IV a.C., e Descartes e Leibniz, no século XVII, procuraram explicar o nosso conhecimento como resultado exclusivo da actividade da razão humana, capaz de produzir por ela própria conceitos e representações.