Descartes e o método

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FORLIN, Enéias. “A estrutura lógica da dúvida metódica”. In: O papel da dúvida metafísica no processo de constituição do cogito. São Paulo: Associação Editorial Humanitas, 2004. (Estudos Seiscentistas.)

A dúvida em Descartes não é derivada da experiência, consiste em uma dúvida voluntária pela decisão, adotando-se uma estratégia para chegar a um objetivo. Devido a essas características é tida como um método e denominada dúvida metódica. O ato de duvidar não é apenas uma rejeição pela rejeição, é feito pela dúvida, pois o mais obvio pode ser passível de dúvida, surgindo, daí, o caráter hiperbólico da dúvida metódica: “rejeitar tudo aquilo em que se encontrar o menor motivo de dúvida.”. Há ainda que se diferenciar dois tipos de dúvidas, no entanto, ambas não são excludentes e podem até uma levar a outra. A primeira se refere a dúvida natural que é inversamente proporcional à probabilidade e a segunda é a dúvida lógica que faz uma exigência rigorosa da necessidade. O radicalismo é característico da dúvida metódica por atacar diretamente as bases das opiniões e segue uma ordem ligada ao cartesianismo. Esta se refere a aplicação do conhecimento sensível e posteriormente o matemático. A dúvida metafísica surge quando a dúvida hiperbólica não se apoia na experiência para questionar os fatos, tornando, assim a dúvida metódica em universal, nesse sentido, é possível dizer que a metódica é o exagero da dúvida hiperbólica por tomar proporções metafísicas. Porém, mesmo com a intenção de duvidar metodicamente as antigas opiniões para se chegar ao objetivo, há entraves que dificultam o fim: a grande confiança no provável, Dessa forma, a dúvida metódica deve se relacionar com o plano psicológico e se instalar no interior abalando a plena aceitação do simples. O interesse de Descartes é criar a dúvida e não a falsidade. Para isso faz-se duas operações complementares que se referem a rejeição de tudo que for passível de dúvida e, em seguida,

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