Descartes e Hume
2. Teorias explicativas do conhecimento
O Racionalismo de Descartes
Descartes é um racionalista, isto é, responde ao problema da origem do conhecimento dizendo que é a razão que está na origem de todo o conhecimento (todos os nossos conhecimentos verdadeiros provêm da razão e não dos nossos sentidos). Os racionalistas defendem que o conhecimento da realidade se pode construir de forma puramente racional e dedutiva a partir de certos princípios ou ideias claros e distintos (evidentes) e por isso não têm a sua origem nos sentidos (confusos e incertos).
“…desde meus primeiros anos, recebera muitas falsas opiniões como verdadeiras, e de que aquilo que depois eu fundei em princípios tão mal assegurados não podia ser senão muito duvidoso e incerto; de modo que era necessário tentar seriamente desfazer-me de todas as opiniões a que até então dera crédito, e começar tudo novamente desde os fundamentos…”
Descartes propõe começar tudo de novo, submetendo o saber da sua época a um exame radical, não aceitando como verdadeiro nada que não reconheça clara e distintamente como sendo verdadeiro, aplicando o modelo do raciocínio matemático à actividade filosófica.
Descartes não pode ser considerando um céptico uma vez que acredita em conhecimentos absolutos e visto que a sua dúvida não é sistemática mas sim metódica. A atitude de Descartes perante o saber do seu tempo (o saber tradicional) pode caracterizar-se segundo dois vectores:
O conjunto dos conhecimentos, que constituem o sistema do saber ou o edifício cientifico tradicional, está assente em bases frágeis.
Esse edifício científico é constituído por conhecimentos que não estão devidamente ordenados.
O saber tradicional padece de dois defeitos: a falta de organização e a falta de solidez das bases em que assenta
O objectivo fundamental do pensamento de Descartes é uma profunda reforma do conhecimento humano, exigindo a