Descartes e Hume
Análise comparativa das teorias de Descartes e Hume
Terminamos, este ponto programático, com uma breve comparação entre as teorias de Descartes e de Hume para explicar o conhecimento, partindo do problema da origem e do problema possibilidade do conhecimento.
a) A origem do conhecimento
Qual é a origem do conhecimento? A teoria do conhecimento admite duas fontes principais de conhecimento: a razão e a experiência. Também Descartes e Hume admitem estas proveniências do conhecimento, mas conferem-lhes uma primazia diferente na origem do conhecimento. É este desacordo que permite qualificar o primeiro como um racionalista (razão) e o segundo como um empirista (empiria = experiência).
Segundo Descartes, todo o conhecimento verdadeiro e infalivelmente justificado encontra o seu fundamento no pensamento ou na razão. É na intuição racional do cogito que Descartes encontra a primeira certeza e o fundamento a partir da qual pode deduzir, de uma forma totalmente a priori, todo o conhecimento.
Hume, pelo contrário, encontra na experiência a única fonte do conhecimento. Só a experiência nos permite saber se as questões de facto são verdadeiras ou falsas. Por si só, o nosso pensamento consegue apenas estabelecer relações de ideias, mas estas nada nos dizem acerca do mundo exterior. A experiência é o fundamento do conhecimento e é a posteriori.
b) Os limites ou possibilidade do conhecimento
Será que sabemos realmente aquilo que julgamos saber? Será que a nossa pretensão ao conhecimento é possível? Qual é o valor das representações que temos das coisas? Estas questões levantam, já o sabemos, o problema da possibilidade ou do valor do conhecimento.
Para Descartes, as nossas pretensões ao conhecimento, sem reflexão, não são válidas. Porém, o conhecimento verdadeiro é possível. Se partirmos da dúvida metódica, seguirmos o método, acabamos por descobrir o cogito. Depois, poderemos provar racionalmente que Deus existe. E Deus, que é bom, garante que o nosso bom