Denotação e conotação
Segundo Barthes, "em literatura, que é uma ordem da conotação, não há questão pura : uma questão nunca é senão a sua própria resposta esparsa, dispersa em fragmentos entre os quais o sentido funde e foge simultaneamente." ("Literatura e significação", in Ensaios Críticos, Edições 70, Lisboa, 1977, p.359).
Esta afirmação de Barthes, se verdadeira, pode, contudo conduzir à falsa idéia de que a literatura é a porta aberta para todos os desvios da norma lingüística, o que implicaria, no imediato, o acesso ao mundo fantástico da livre expressão que a criação conotativa subentende.
Nem a conotação é invenção de sentidos, nem a literatura é a única porta aberta para a criação conotativa, uma vez que a linguagem corrente e as linguagens não literárias usam-na também (veja-se o exemplo do discurso publicitário que vive dos duplos sentidos, da polissemia e da conotação).
L. T. Hjelmslev (1953) introduziu o conceito de conotação na discussão lingüística, para aludir à capacidade que qualquer signo lingüístico tem de receber novos significados, que se averbam ao sentido original, tomando este como referência alojada nos dicionários, por exemplo.
Roland Barthes (1964) introduziu, por sua vez, no âmbito da semiologia, a idéia de várias ordens de significação ou níveis de sentido: a primeira ordem de significação é a denotação (um signo é composto por um significante e por um significado); a segunda ordem de significação é a conotação (usa-se o primeiro signo — significante + significado — como significante ao qual se acrescentam outros significados).
Esta teoria conclui, portanto, por dois sistemas de signos inter-relacionados. Contudo, tal