Dennet

Textos do Daniel Dennet

1) Que tipos de mentes existem

No século XVII, Decartes sustentou a opinião que todos os animais, plantas e bactérias teriam mentes. Seria realmente possível?
Passando por outro extremo, será que todos os humanos possuem mentes?
Se um dia tivemos dúvidas se outros humanos como nós possuem mente, esta hipótese passou pelo conceito de solipsismo (do latim “eu sozinho”) Ninguém jamais leva o solipsismo a sério durante muito tempo, pois após certo tempo, nos damos conta que o conceito é tolo e como sabemos isso?
Estamos familiarizados com a nossa mente, tão intimamente, que podemos dizer que somos a nossa mente. Isso sugere que cada um de nós conhece exatamente uma mente por dentro, e dois de nós não conhecemos a mesma mente a partir do seu interior. Logo, isto pressupões que o solipsismo é falso, pois não poderia haver apenas uma mente, ou pelo menos não uma mente como as nossas.

Não podemos defender a ideia de que se existem outras mentes, elas seriam iguais as nossas, pois as únicas mentes que conhecemos são o padrão pelo qual devemos começar. Se as flores possuem mentes, então o que fazemos ás flores pode ser importante para elas, e não apenas para aqueles que se importam com o que acontece com as flores. Se ninguém se importa, então não interessa o que acontece com elas. Em contraste, não é necessário em absoluto nenhum tipo especial de súplica para fazer com que a maioria das pessoas concorde que algo com uma mente tem interesses que são importantes. Esta é a razão pela qual as pessoas são tão preocupadas, moralmente, a respeito da pergunta sobre o que possui uma mente: qualquer ajuste proposto na fronteira da classe dos que possuem mentes, possui um significado ético importante. Afinal de contas, como você se sentiria se fosse tratado como um objeto inanimado? De fato, ambos os erros poderiam resultar em consequências morais. Se julgarmos que uma bactéria possui uma mente, não poderíamos matá-la, prejudicando assim