As ciências cognitivas e o cognitivismo piagetiano
AS CIÊNCIAS COGNITIVAS, O “COGNITIVISMO” PIAGETIANO E O PROBLEMA DO JULGAMENTO ÉTICO/MORAL1 Leonides da Silva Justiniano2
Resumo: A responsabilização moral tem por base, fundamentalmente, a liberdade e o conhecimento. O desenvolvimento de uma capacidade cada vez maior de algo que se assemelhe à inteligência, em cérebros artificiais, abre espaço para se discutir sobre a responsabilização dos mesmos. Por outro lado, leva a refletir sobre a necessidade de uma formação crítica nas escolas. Palavras-chave: inteligência – máquina – ser humano – moralidade – vida
INTELIGÊNCIA E INTELIGÊNCIAS Dos tantos questionamentos que as pesquisas cognitivas vinculadas à informática, à Inteligência Artificial (IA) suscitam, os mais interessantes – para nós, ao menos – são aqueles que se direcionam à natureza da inteligência, à definição e distinção do cérebro e da mente, e às possibilidades de uma simulação o mais perfeito possível das atividades cognitivas cerebrais por parte dos “cérebros” eletrônicos. Não pela cognição, pura e tão somente, mas por uma função a ela relacionada, conforme buscaremos explicitar mais adiante – os juízos de valor e, dentre esses, os juízos de cunho moral. Indagar sobre a presença de inteligência e, sobretudo, mente, em seres tidos como inferiores por nós, humanos, não raro produz inquietudes. Afinal, como indaga o filósofo DENNET (1996), “...os cavalos pensam...?”, ou “... um peixe, que tem seus lábios perfurados por um anzol, sente tanta dor quanto você sentiria, se tivesse seus lábios perfurados por um anzol...?” Mesmo que, em um primeiro momento, possam parecer ingênuas ou hilariantes, tais questões suscitam em nós um certo mal-estar, pois vão de encontro a convicções profundas concernentes à suposta dignidade humana. Ora, é claro que há gradação de dor
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Algumas idéias aqui desenvolvidas resultam de discussões no grupo de pesquisa Epistemologia Genética e Educação, da UNESP de Marília, coordenado pelo prof. dr. Adrián O. D. Montoya, do