Dener - pai da moda nacional
Entusiasta da alta-cultura brasileira experimentou o glamour e o ostracismo em vida
Um "luxo" de estilista. Assim era Dener Pamplona de Abreu, grande responsável pelo reconhecimento mundial que a moda brasileira tem hoje. Nascido em Belém do Pará, em 1937, foi no Rio de Janeiro, com apenas treze anos de idade, que experimentou o primeiro contato com a moda, na Casa Canadá, então importante butique carioca Dener foi o grande precursor da alta-costura brasileira: fugia da comodidade do copismo europeu, desenhando para clientes de acordo com seu físico, idade, gosto e em consonância com o nosso clima tropical. Como seu ídolo, Balenciaga, defendia o estilo clássico, de bases simples, embora nos modelos de festa e noiva recorresse a bordados suntuosos e a certa dramaticidade. Requinte a parte, realizava-se mesmo fazendo taieres bem cortados. Mesmo vivendo cercado de glamour, Dener demonstrou ter visão também para o marketing e os negócios. Tanto que foi o primeiro estilista a usar a força da mídia para promover e divulgar seu nome e suas coleções. Vestiu muitas clientes famosas, inclusive a ex-primeira-dama, Sara Kubitscheck e também Maria Teresa Goulart, e se transformou em celebridade. Com a mesma sensibilidade e inteligência, percebeu, nos anos 60, que era hora de lançar sua grife em produtos industrializados.
Já conhecido como genial, ganhou os prêmios de Agulha de Ouro e de Platina, no Festival da Moda, em Las Vegas, patrocinado pela Tecidos Matarasso Boussac. Entre os concorrentes figurava o internacionalmente reconhecido Christian Dior. Após a morte deste estilista, Dener foi convidado para dirigir a criação da maison francesa de mesmo nome. Por motivos incertos recusou a oferta. De personalidade forte, Dener criava não só roupas, mas até um vocabulário todo especial para expressar o que desejava. “Um luxo!” tornou-se sua marca registrada, já “divino, maravilhoso!” foi imortalizada em música por Caetano Veloso. O estilista