Della Porta Parte Dois
Um jovem prodígio napolitano, futuro fundador da primeira sociedade científica da Renascença, sintetizou as idéias de seus predecessores e preparou o caminho para a forma moderna da substituição polialfabética (veja a Cifra de Della Porta). Giambattista Della Porta tinha 28 anos quando, em 1563, escreveu o livro que lhe rendeu grande renome como criptólogo. De furtivis literarum notis - vulgo de ziferis é composto por quatro volumes que tratam, respectivamente, de cifras da antiguidade, de cifras modernas, da criptoanálise e das características linguísticas que facilitam a decifração.
A obra representa a soma dos conhecimentos criptológicos da época. Della Porta recapitula os procedimentos clássicos de seus antecessores, porém não se abstém de críticas: o venerável alfabeto maçônico ou rosacruz (hoje conhecido como pig-pen) não é utilizado, escreve ele com menosprezo, a não ser "por iniciantes, mulheres e crianças".
Porta classifica os procedimentos criptográficos em três categorias: a mudança da ordem das letras (transposição), das suas formas (substituição por símbolos) e do seu valor (substituição por um alfabeto cifrante). Apesar de resumido, este é o primeiro exemplo da divisão dos procedimentos, atualmente clássica, em dois princípios básicos: transposição e substituição. Foi o inventor do primeiro sistema literal de chave dupla, ou seja, da primeira cifra onde se altera o alfabeto cifrante a cada letra cifrada.
Se Della Porta não criou nenhum outro procedimento de substituição polialfabética, em compensação garantiu o futuro da criptoanálise ao compilar os métodos clássicos citados por Alberti, Bellaso e Trithemius. Sem dúvida alguma, ele foi o primeiro autor europeu (porém bem depois de Al-Kindi) a propor uma solução de decifração para substituições monoalfabéticas sem a divisão de palavras. Della Porta igualmente inovou com o método conhecido como método da palavra provável, o qual consiste em pressupor palavras de uso comum e