Deficiências biológicas

Matthew Schrier estava indefeso. O fotógrafo norte-americano estava detido em uma prisão controlada pelos rebeldes na cidade síria de Alepo, onde ele e um colega de cela haviam sido flagrados tentando abrir um buraco na porta de madeira da cela.
Os captores levaram seu colega de cela, conta Schrier, o espancaram e o conduziram de volta com sangue escorrendo dos pés e tornozelos. Schrier era o próximo.
Usando máscaras, os carcereiros o levaram para fora da cela, o fizeram sentar e prenderam seus joelhos com um pneu de carro. Passaram um cilindro de madeira por trás de suas pernas, prendendo o pneu.

Matt Roth/The New York Times

Depois começaram a rolá-lo. Schrier terminou com o rosto virado para o chão, no piso de um porão, conta, com as pernas imobilizadas e os pés descalços virados para cima.
"Deem-lhe 115", disse um dos carcereiros, em inglês, quando outro homem começou a espancar os pés do prisioneiro com um cabo de metal.
Quando a tortura parou, Schrier não conseguia andar. Os carcereiros tiveram de arrastá-lo de volta à cela. Ele recorda a frase final que ouviu: "Já ouviu falar da baía de Guantánamo?"
Por sete meses, Schrier, 35, foi prisioneiro na Síria de combatentes jihadistas que se opõem ao ditador Bashar al-Assad. Detido em bases e prisões operadas por dois grupos rebeldes islâmicos, Schrier conta ter sido roubado, espancado e acusado de espionar para os Estados Unidos, por homens que em seguida assumiram sua identidade online.
Os captores esvaziaram uma de suas contas bancárias. Fizeram compras no eBay usando seu nome. Enviaram mensagens de sua conta de e-mail à sua mãe e seu melhor amigo, garantindo que ela estava bem mas havia prolongado sua viagem para fazer outros trabalhos.
Schrier escapou em 29 de julho, por uma janela do porão, usando sapatos menores que seus pés e com a longa barba que deixou crescer durante o cativeiro, e vagueou por Aleppo até encontrar outros rebeldes.
O grupo que ele encontrou o protegeu e o levou