Dança
Nas últimas décadas estamos, dentre muitas transformações, percebendo uma revolução planetária promovida pela dança na mídia. Dos musicais de Hollywood a Embalos de sábado à noite e Flash dance, a dança vem ocupando um lugar singular no cenário midiático. Basta acionar a memória e perceberemos as inúmeras danças que nasceram e proliferaram: Lambada, Macarena, Dança da garrafa, Kuduro, Coupé-Décalé. Danças que tiveram seu impulso com a televisão e com a internet. Mas não apenas danças são lançadas na mídia, como a forma de vivenciá-las também muda de maneira radical: hoje é possível escolher um personagem, uma fantasia e curtir a dança no carnaval virtual da Second Life, sem suar a camiseta, em tempo real. A mídia se coloca hoje como um novo referencial e um espaço privilegiado de circulação de muitas danças, que não tinham visibilidade nesta proporção ou não eram experimentadas desta forma. Este fato merece uma reflexão cuidadosa sobre como o cenário midiático contemporâneo está estabelecendo novos usos, sentidos, práticas e pedagogias de dança. Processo que não fica restrito simplesmente à esfera da exibição da dança nos produtos midiáticos, mas que implica também em um novo jeito, em uma nova e específica maneira de estabelecer a experiência dançante, borrando fronteiras entre o local e o global, entre o dito erudito e popular, constituindo sujeitos contemporâneos. Um novo espaço pedagógico para a dança está se esboçando: as novas salas de aula de dança são agora também os videoclipes e programas de auditório de televisão, bem como os sites, blogs e comunidades da internet, ou os espaços dos jogos eletrônicos, como o Pump it Up, nos shoppings centers. A mídia configura de maneira efetiva pedagogias culturais que orientam, prescrevem, suscitam, provocam, proíbem, promovem. Um olhar atento percebe que este investimento da mídia na dança vem fazendo a indústria cinematográfica ser pródiga nos últimos anos em títulos como Vem dançar, Baila