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Daniel Santos
Um disco com vários artistas quase sempre se torna um alterego de cada convidado com as características de seus compiladores, no projeto de Mark Linkous (Sparklehorse) e Danger Mouse (o produtor e instrumentista responsável de criar as camas para a potente voz de Gnarls Barkley deitar e aproveitar) traz excelentes composições e convidados que expelem de seus umbigos a mais pura essência de suas características. Um passeio pelo sombrio e o belo – Dark night of the soul – faz jus ao título e semeia a escuridão com lamparinas e velas, uma verdadeira arquitetura, digna de Bauhaus e contemporânea as batidas eletrônicas cada vez mais presentes na nova amálgama do rock.
O mais interessante deste projeto é sua função, ser a trilha sonora de um livro escrito por David Lynch, uma das figuras mais cultuadas de filmes noir pelo mundo. Se o minimalismo de Lynch pode ser descrito em imagens, ele também pode ser ouvido e imaginado. Junto com o disco vem um livro com mais de 100 fotos feitas pelo cineasta.
A megalomania do álbum continua com as participações; Flaming Lips, Gruff Rhys, Iggy Pop, Black Francis, Vic Chesnutt, Julian Casablancas, Jason Lyttle, Nina Persson e James Merce.
Buscando referencias para o álbum, esse time remeteu o título à clássica obra do frade carmelita espanhol, São João da Cruz, que viveu no século 16 e tornou-se famoso por suas poesias místicas.
Escuridão, divindade, pecado, carne, desilusão e a sublime essência do apego material com a demolição do espírito. Se o recado do álbum é perpetuar o tempo e fracioná-lo, o trio chegou ao nirvana desde os primeiros acordes de "Revenge" (Wayne Coyne - The Flaming Lips). É nítida a intenção de uma obra épica para a música, e “Revenge” tem todas as características contemporâneas classificáveis.
A relação balança em “Just War”, mas na voz de Gruff Rhys (o eterno Super Furry Animals) ganha uma luz, um belo esboço harmônico, bem diferente dos seus companheiros.