Da tradição à ruptura: uma visão da Literatura angolana
Clecio Marques dos Santos1
Mayara Crystina Rego da Silva2
Nilson de Jesus da Costa Filho3
A Literatura é, sem sombra de dúvida, de fundamental importância para o desenvolvimento da identidade cultural de um povo. Torna-se, assim, fonte inesgotável de elementos da história, da cultura, da língua do grupo social que a produz, o que possibilita ao leitor/fruidor conhecer e analisar melhor a sociedade nela e por ela refletida. Considerando essa realidade, este trabalho, recorte de um estudo mais amplo sobre a língua, a literatura e a cultura, põe em foco a literatura ampla, a partir do período pós-guerra. Objetiva-se, pois, examinar como Angola, até então colônia portuguesa, produzia uma literatura de grande impacto social e de muita relevância para o período. O surgimento do Movimento “Vamos Descobrir Angola”, a partir de 1948, traz a proposta de uma redescoberta dos valores culturais africanos sufocados pela assimilação cultural européia. Com o intuito de reavaliar a importância desse período, este trabalho faz reflexões pertinentes sobre a condição da Literatura angolana e de suas temáticas principais, chegando aos nossos dias.
Palavras chaves: Literatura, Cultura e Angola.
1- INTRODUÇÃO
Diante dos fatos históricos que atingiram Angola no final da primeira metade do século XX, como as guerras civis e os movimentos a favor da descolonização, começa a surgir, em volta desse contexto, uma notável produção literária diferente do estilo português da época. Isso foi possível graças a dois movimentos importantes – o Movimento dos Novos Intelectuais de Angola e o movimento Vamos Descobrir Angola. Vários escritores participaram ativamente desses movimentos. Dentre eles estão: António Jacinto, Viriato Cruz e Maurício de Almeida Andrade. Durante a leitura deste artigo são apresentados trechos da poesia desses autores. Seus escritos evidenciam o anseio que tinham pela independência do país, tanto no âmbito