Da sociedade de controle em Deleuze, à produção biopolítica em Hard-Negri
Ademilson Antonio Lopes de Almeida (G-Unemat)
Deleuze, baseando o seu trabalho teórico em Focault, nos ensina que na passagem da sociedade disciplinar para a sociedade de controle - que ocorre na segunda metade do século XX - o poder de disciplinamento não está mais no interior da fábrica, do hospital, da escola, da caserna, mas sai destes centros de confinamento e se espalha agregando continuamente novos elementos de controle.
Na sociedade de controle, o poder não age mais como molde e passa a incidir em outras áreas por meio da modulação, uma espécie de peneira na qual as malhas mudariam de um ponto para outro, em um processo de divisão e fragmentação, cujo exemplo é a substituição da fábrica pela empresa.
Trazendo os conceitos de Foucault para a sua obra, Hard e Negri (2001, p. 42) irão definir as sociedades de controle como aquelas em que os “mecanismos de comando se tornam cada vez mais ‘democráticos, cada vez mais imanentes ao campo social, distribuídos por corpos e cérebros dos cidadãos”. A afirmação dos filósofos corresponde a uma ideia de intensificação das disciplinas, alcançando novos espaços de determinação e se organizando em redes flexíveis e flutuantes.
O principal motivo para essa nova direção que segue o poder nas ditas sociedades de controle é o caráter imaterial que adquire o trabalho na era pós-fordismo, pois se antes o labor era baseado na repetição para a reprodução de mercadorias padronizadas, agora passa a ser muito mais cognitivo, de tal maneira que o poder de criação/inovação e o conhecimento ganham importância graças às pressões sociais dos próprios empregados que lutaram reivindicando subjetividades e melhores condições de labor. Isso fez com que o lugar da produção se deslocasse para o próprio tecido social.
Na modernidade, não são fabricadas apenas mercadorias, mas, sobretudo, conhecimento, e este só é produzido no corpo social, num processo de