Da república platão
OS GÊNEROS DO DISCURSO
A competência sociocomunicativa dos falantes/ouvintes leva-os à detecção do que é adequado ou inadequado em cada uma das práticas sociais. Essa competência leva ainda à diferenciação de determinados gê¬neros de textos, como saber se se está perante uma anedota, um poema, um enigma, uma explicação, uma conversa telefônica etc. A competência textual de um falante permite-lhe, ainda, ave¬riguar se em um texto predominam seqüências de caráter narrativo, des¬critivo, expositivo e/ou argumentativo.
O contacto com os textos da vida quotidiana, como anúncios, avisos de toda a ordem, artigos de jornais, catálogos, receitas médicas, prospec¬tos, guias turísticos, literatura de apoio à manipulação de máquinas etc., exercita a nossa capacidade metatextual para a construção e intelecção de textos.
Todos os nossos enunciados se baseiam em formas¬-padrão e relativamente estáveis de estruturação de um todo.
Tais formas constituem os gêneros, "tipos relativamente estáveis de enunciados", marcados sócio-historicamente, visto que estão diretamente relacionados às diferentes situações sociais. É cada uma dessas situações que determina, pois, um gênero, com características temáticas, composi¬cionais e estilísticas próprias. É importante assinalar, contudo, que a concepção de gênero de Bakhtin não é estática, como qualquer outro produto social, os gêneros estão sujeitos a mu¬danças, decorrentes não só das transformações sociais, como oriundas de novos procedimentos de organização e acabamento da arquitetura verbal, como também de modificações do lugar atribuído ao ouvinte.
O autor desenvolve a metáfora do gênero como "megainstrumento", constituído de vários subsistemas semióticos, para agir em situações de linguagem. Entende o domínio (maestria) do gênero como o próprio domínio da situação comunicativa, domínio este que se