Da pediatria à psicanálise – d. w. winnicott
Capítulo XX: Retraimento e Regressão
Por retraimento, no presente trabalho, refiro-me a um retirar-se do relacionamento consciente com a realidade externa, sendo essa retirada por vezes da ordem de um breve sono. E regressão quer dizer aqui uma regressão à dependência, não especificamente regressão em termos de zonas erógenas. No estado de retraimento o paciente está dando uma sustentação para o eu, e que se no momento em que o retraimento aparece o analista consegue fornecer uma sustentação para o paciente, então aquilo que teria sido um retraimento transforma-se em regressão. A vantagem da regressão é a de que ela traz consigo a possibilidade de corrigir uma adaptação inadequada à necessidade do paciente na sua infância precoce. Ao contrário, o estado de retraimento não apresenta utilidade alguma, e quando o paciente recupera-se dele, nada mudou. Capítulo XXII: Aspectos Clínicos e Metapsicológicos da Regressão no Contexto Analítico
A análise não consiste apenas no exercício de uma técnica. É algo que nos tornamos capazes de fazer quando alcançamos um certo estagio na aquisição da técnica básica. Aquilo que passamos a poder fazer é cooperar com o paciente no seguimento de um processo, processo este que em cada paciente possui o seu próprio ritmo e caminha no seu próprio rumo. Todos os aspectos importantes desse processo originam-se no paciente, e não em nós enquanto analistas. É possível realizar um tratamento possuindo apenas uma técnica limitada, e é possível, de posse de uma técnica muito sofisticada, fracassar completamente. A seleção de casos implica em classificação. Costumo dividir os casos em três categorias distintas. Primeira, há os pacientes que funcionam em termos de pessoa inteira, cujas dificuldades localizam-se no reino dos relacionamentos interpessoais. Segundo, os pacientes nos quais a personalidade recém-começou a integrar-se e a tornar-se algo com o qual se pode contar.