Da liberdade dos antigos comparada à dos modernos - Benjamin Constant
CONSTANT, Benjamin. Da liberdade dos antigos comparada à dos modernos. In: Revista Filosofia Política nº 2, 1985, p.1-7.
Benjamin Constant apresenta em seu discurso uma comparação entre a liberdade dos antigos e a liberdade dos modernos sob a ótica de três aspectos: extensão territorial, atividade econômica e forma de trabalho. No desenvolvimento dessa comparação, usa-se de exemplos de cidades/nações de ambos os períodos. Também, de teorias de filósofos bastante conhecidos como, Rousseau, abade de Mably e Montesquieu.
A obra, contida em suas sete páginas, estrutura-se em texto único distribuído em parágrafos. Cada um destes vai, gradativamente, expondo o assunto. Constant utiliza um excelente artifício: ele desenvolve o texto como um discurso, dirigindo-se de forma direta ao leitor.
A liberdade para os antigos era submetida à esfera política. O indivíduo como parte do coletivo, como cidadão com participação direta na política, tem todos os direitos garantidos e como indivíduo privado é restringido. Os antigos acreditavam que a verdadeira liberdade residia no tempo e na força dedicados ao exercício dos direitos políticos.
A liberdade para os modernos residia na independência do indivíduo, na segurança e garantia de exercer pacificamente seus interesses privados. O tempo antes usado para exercício dos direitos políticos é deixado para a dedicação à vida privada. Quanto maior for o tempo disponível a essa dedicação, maior é a liberdade individual.
Os aspectos de territorialidade, economia e mão de obra no contexto dos antigos e dos modernos são caracterizadores da liberdade conceituada por ambos.
Têm-se como características das repúblicas antigas a estrutura fechada, baseada no objetivo bélico da conquista de territórios vizinhos e grande quantidade de escravos. Essas características são consequências dos territórios, que em geral eram pequenos e estreitos; da economia, que em função do território estreito fazia-se necessário a conquista de