Sonho de uma prostituta, Mulher, Moça na janela, Mulher na praia, Mulher sentada com espelho, Mulheres, Mulher com flores são algumas das obras que compõem o imaginário rural e urbano do pintor Cícero Dias. Retratadas em todas as fases do artista que brindou o país com suas criações entre os anos de 1920 a 1980, perpassando décadas diferentes da nossa pintura, as mulheres criadas pelo pintor pernambucano possuem subjetividades, pertencem a um universo onírico, lúdico, sensual, até mesmo quando a temática de cunho social é representada, como se pode ver em O sonho da prostituta. Mas não foi só o feminino explorado pelo artista. Ao lado da pintura erotizada, despudorada, da presença de corpos masculinos e femininos que se cruzam e se penetram, outras temáticas se tornariam recorrentes em suas obras, como o verde do mar e dos canaviais, a decadência dos sobrados e engenhos e as mazelas sociais. À imaginação criativa do artista mesclam-se o traço livre, quase primitivo, ao colorido forte, por vezes suave e harmonioso de suas personagens e paisagens em aquarelas e óleos que marcam a primeira fase do artista, cujo início data dos anos 1920. É o mundo da infância rememorado de forma lírica, erotizada, emblemática e impregnado pela desconstrução, pela desordem, pela ruptura de um paisagismo tradicional. São criações de cunho sociopolítico, que assinalam o fim do sistema escravocrata, da decadência dos engenhos de açúcar e o surgimento gradativo das usinas e da instauração de uma nova ordem econômica marcada pela riqueza de poucos e pela pobreza de muitos. O pintor nasceu no município de Escada, mais precisamente no Engenho de Jundiá, interior de Pernambuco. O convívio com a cultura regional e o universo lúdico marcado pela presença do cangaço, por brincadeiras com os amigos e por visitas aos engenhos vizinhos forneceram elementos para sua produção e estiveram presentes em temas, formas, estilos e cores ao longo de décadas. Suas representações