Coff
Vitor Geraldi Haase
Pedro Pinheiro-Chagas
Fernanda Gomes da Mata
Daniel de Medeiros Gonzaga
Júlia Beatriz Lopes Silva
Lucas Araújo Géo
Fernanda de Oliveira Ferreira
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1. Introdução
O reconhecimento crescente da neuropsicologia pode ser apreciado pelos progressos relacionados à oferta de cursos de especialização na área, aumento do número de pesquisadores envolvidos e de publicações universitárias, bem como pelo esforço de validação de testes neuropsicológicos, do qual o presente livro é testemunho. A neuropsicologia não se resume, contudo, à aplicação de testes. Reduzir a prática neuropsicológica à aplicação e interpretação normativa instrumentos é uma grave distorção, observada infelizmente com muita freqüência (Benedet, 2002). Neste trabalho iremos examinar alguns aspectos meta-diagnósticos em neuropsicologia, os quais ultrapassam a aplicação automatizada de testes e levantamento de escores, fundamentando-se no que
Hebb (1955) denominou de “SNC” ou “sistema nervoso conceitual”, isto é, num modelo das correlações estrutura-função que subsidia o diagnóstico neuropsicológico, constituindo o referencial interpretativo para os resultados dos testes.
2. Os enfoques nomotético e idiográfico ao diagnóstico neuropsicológico
Conforme Huber (1973), foi o historiador Windelbrand quem em 1904 introduziu a distinção entre os enfoques nomotético e idiográfico nas ciências sociais e comportamentais. No enfoque nomotético, o desempenho dos pacientes individuais em diversos testes neuropsicológicos é comparado a um referencial normativo populacional.
Historicamente, o enfoque nomotético começou a ser utilizado a partir dos anos 1930
(Caplan, 1987) e caracteriza o trabalho de várias escolas importantes (Milberg, Hebben &
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Kaplan, 1996, Reitan & Wolfson, 1996, Tranel, 1996), sendo que os modelos conceituais e estatísticos subjacentes consolidaram-se no final da década de 1950