CULTURA A VISÃO DOS ANTROPOLOGOS
Adan Kuper dedica este capítulo a Clifford Geertz que aparece como um dos herdeiros de Talcott Parsons, assim como David Schneider e Marshall Sahlins. Descreve, assim, sua carreira, idéias e contribuições no contexto intelectual e institucional em que trabalhou. Distanciando-se de Parsons enquanto construtor de sistema, Geertz apresenta vocação para ensaísta e somando-se aos seus dotes a grande eloqüência sobre determinada idéia de cultura, a aplicou a casos específicos atraindo o público para os trabalhos antropológicos de forma sedutora. Longe de um projeto intelectual, Geertz antes se define enquanto profissional como conseqüência de uma série de acasos.
Da Segunda Guerra ao Antioch College, do encontro com Margaret Mead ao departamento de Relações Sociais de Harvard, da Indonésia para Marrocos aportando na fundação da Faculdade de Ciências Sociais do Instituto de Estudos Avançados de Princeton, aproveitou todas as oportunidades surgidas. Sua carreira foi marcada pelo fato de iniciar na antropologia quando os Estados Unidos, entusiasmado com a vitória na guerra, financiava a reconstrução da Europa e incentivava a independência das colônias européias na África e na Ásia.
Depois com a Guerra Fria novas prioridades surgem e a América passa de uma papel libertador para quase imperial; nessa fase transfere sua pesquisa de campo da Indonésia para o Marrocos, lugar de política mais estável. Afastando-se do projeto parsoniano, uma tendência na época, pois as disciplinas agrupadas passaram a reafirmar suas próprias identidades; os radicais acusaram Parsons de ignorar divergências criando uma ilusão de consenso social e recusando a reconhecer as forças que contribuíam para a mudança. Geertz percebeu que os modelos da ciência natural estavam sendo abandonados em dentrimento do maior interesse no papel das formas simbólicas que surgiam: era o “retorno ao coração da nossa disciplina” diz Geertz