Cultura um conceito antropológico
Autor: Roque de Barros Laraia
Título da obra: Cultura um conceito antropológico
Editora: Jorge Zahar Editora Ltda.
Primeira parte
Da Natureza da Cultura ou Da Natureza à Cultura
1. DETERMINISMO BIOLÓGICO
Segundo o autor ainda persistem teorias antigas no sentido de atribuir faculdades superiores a determinados grupos em detrimentos de outros, ditas raças superiores, constituídas de indivíduos mais instruídos culturalmente. Porém, há uma corrente de antropólogos contrários a esse pensamento, não concordam “que as diferenças genéticas” sejam “determinantes das diferenças culturais’. O antropólogo FeliX Keesing é categórico quando a firma que não se transmite cultura por “caracteres genéticos”.
Tomado como exemplo, uma criança nascida na Europa e transferida para Brasil, não conservará nada da cultura, do país onde nascera, assimilando o comportamento e hábitos da “sociedade” onde fora inserida. O mesmo ocorre com uma criança indígena, retirada do seu meio e levada para um centro urbano, “civilizado”, não conservará nada do meio onde nasceu.
Logo após a II Guerra Mundial, ainda sob o impacto do “terror do racismo nazista”, em 1950, foi realizado um encontro, reunindo antropólogos, físicos e culturais, geneticistas, biólogos e outros especialistas, em Paris sob auspícios da UNESCO que elaboraram uma declaração, no qual o autor destacou alguns pontos:
Não existe base científica no sentido de comprovar a existência de raça superior, transmitida por caracteres genéticos ou hereditários, sendo propiciada pela história cultural de cada grupo. Em nossos dias não foi comprovado que “os grupos humanos diferem uns dos outros pelos traços psicologicamente inatos”, sendo a capacidade intelectual igual a todos os grupos, em qualquer parte do Planeta.
As atividades atribuídas a homens, “proibidas” as mulheres não é por razões fisiológicas e sim culturais. A mesma atribuição desempenhada por homens em algumas culturas são despenhadas por