cultura dos negros
Sons e Danças dos Negros no Brasil: motivos à tradição oral, aos cantos de trabalho, à religiosidade, à interação e à resistência cultural africana.
Além da dor e da violência, o período escravista brasileiro produziu resistências culturais incomensuráveis, poucas vezes legitimadas nos contextos históricos sociais. Durante os quatro séculos desta prática bizarra no Brasil, a vida precisou seguir seu caminho com a fluidez das marés que sobem, descem e marcam os lugares onde passam. Nos primeiros séculos da colonização portuguesa o Brasil era um país basicamente rural; só em fins do século XVI se anunciava alguns rudimentos de vida urbana nas cidades do Rio de Janeiro, Recife e Salvador. No caminhar das cidades às fazendas e vice-versa iniciavam-se os primórdios da vida cultural e da vocação artística brasileira. Nosso intuito é abordar alguns aspectos da trajetória sonoro-corporal dos africanos escravizados e seus descendentes mestiços do Brasil, do período colonial ao imperial, posto que foram as bases da cultura afro brasileira. O contingente populacional global da colônia e do império brasileiro sempre foi composto de uma maioria de negros africanos escravizados e seus descendentes crioulos em relação aos brancos europeus. Apesar dos rigores do regime de exploração do trabalho escravo, era impossível condenar ao silêncio tais componentes étnicos acostumados visceralmente a cantar, tocar e dançar para embalar as diversas atividades da vida. Batucada
Todas as ações do colonizador dependiam deste grupo ruidoso: se venciam uma guerra era fatal uma festa ao som de batuques e calundus com música e dança. Se houvesse um acontecimento cívico qualquer, era certo mais uma kizomba daquelas. Aliás, o nome calundu (palavra do kimbundo que significa "a divindade responsável pelo destino de cada pessoa") por redução, acabaria sendo passado aos sons dos batuques tornando-se conhecido como Lundu (primeira expressão cultural de música e dança