cultura brasileira
A obra Formação do Brasil Contemporâneo de Caio Prado Júnior, foi publicado em 1942. É um dos textos mais influentes sobre as relações entre nação e colónia no processo histórico que originou o Brasil.
Irei focar-me com especial atenção no capítulo “Raças”. Este capítulo tem, na minha opinião, dois momentos. Um primeiro que nos fala das três raças que formam o Brasil e, um segundo, que trata o tema da miscigenação. Os brancos são, numa primeira fase, representados maioritariamente por lusitanos, à exceção de espanhóis e afins da união ibérica. No entanto, nos primeiros anos do século XIX, o quadro muda: não é tão identificável a natureza desses imigrantes. São de todas a províncias de Portugal e de vários níveis sociais (fidalgos, letrados, humildes…) – o que se afirma é a ocupação, ora em cargos administrativos, ora em comércio. O autor afirma que o português tinha em vista, tal como eu esperava, a utilização do indígena no processo de colonização, incorporando-o na obra colonizadora (os colonos viam-no como trabalhador e a metrópole como povoador.
Quanto à Igreja, o historiador afirma que esta tinha um papel autónomo frente à coroa (página 93), por fim, o legislador da questão viria a ser Pombal – e o autor afirma que, apesar das falhas da legislação – o objetivo da colonização (incorporação do índio na massa geral da população) foi cumprido, pelo menos em relação aos aldeados. Algo que eu desconhecia: Prado Júnior considera que a questão do negro é mais simples, a sua participação na mestiçagem é superior à do índio, ainda que nesse sentido, haja algumas dificuldades: o preconceito com as ligações branco-negro e a desproporção entre sexos.
O autor aborda fatores que contribuem para a abundante miscigenação que caracteriza o Brasil, merecendo destaque o possível gosto do português por raças “exóticas”, bem como a sua capacidade de cruzamento com outras raças. Destaca-se ainda, o modo como se processa a emigração