Cultura brasileia
Gilberto Mello Freyre (1900 - 1987) foi um dos mais influentes sociólogos brasileiros da primeira metade do século XX. A história patriarcal brasileira é o escopo desse livro que procurou desvendar a particularidade cultural do país, tendo influenciado fortemente a forma como ela foi definida e redefinida ao longo dos últimos setenta anos. Entretanto, mostra-se essencialmente equivocado. Alguns dos mais importantes paradigmas para interpretar o desenvolvimento da sociedade colonial brasileira e a identidade nacional surgiram entre os anos de 1920 e 1940. Apesar das diferentes perspectivas e de objetivos existentes, todos partilhavam a tendência de deslocar a noção determinista de raça como conceito básico para a análise social e a produção estética, em favor do conceito de cultura. Grade parte dos estudos atuais dedicam-se à reavaliação dessa mudança. Uma visão comum entre os críticos é a de que, nas teorias sociais emergentes na primeira metade do século XX, os conceitos de cultura e classe deslocaram apenas precariamente o conceito de raça. Foi com a obra de Gilberto Freyre que o conceito de raça perdeu definitivamente o lugar central que ocupava nos estudos sobre o Brasil.
Ao final do século XIX, houve no Brasil um período de intenso debate em torno das ideias de nação e nacionalidade. Antes de Gilberto Freyre, essas polêmicas se concentravam nas relações entre raça e meio ambiente e se caracterizavam por um pessimismo de base, devido à influência, entre os intelectuais brasileiros, de pensadores como Gobineau, Agassiz e Buffon. Discutiam-se as implicações nocivas e deletérias do meio tropical e da miscigenação sobre a sociedade nacional.
A grande questão que se colocava era a de como administrar esses passivos para se chegar a uma situação razoável de progresso e civilização. As perspectivas mais otimistas em relação ao futuro alinhavam-se com a teoria do branqueamento. Com os modernistas