Cultura, aritmética e modelos matemáticos
Cultura, aritmética e modelos matemáticos
A cultura e a mente humana interagem de formas fascinantes. A cultura é produto, entre outras coisas, da mente humana. Por outro lado, a cultura direciona o desenvolvimento da mente de diversas maneiras: aprendemos a língua falada por aqueles que nos cercam, organizamos nossas operações com números de forma consistente com o sistema de numeração usado em nossa cultura, classificamos objetos, pessoas e acontecimentos de acordo com as categorias significativas em nossa sociedade. Nenhuma dessas direções seguida por nosso pensamento precisa ser concebida como a única da qual somos capazes; se tivéssemos nascido em outro lugar, aprenderíamos outra língua, usaríamos outro sistema de numeração e classificaríamos objetos, pessoas e acontecimentos de acordo com outros conceitos. Um dos grupos tem pais instruídos e teve o privilégio de viver cercado, na escola e em casa, dos modos escolares de falar e pensar. São pessoas que aprendem a matemática escolar desde cedo, antes que tenham tido necessidade de utilizá-la fora da sala de aula. O outro grupo vem de camadas pobres da população, em que o lazer necessário à freqüência à escola não esteve disponível a seus pais nem a eles próprios na infância; um grupo que provavelmente teve necessidade de utilizar a matemática na vida antes de tê-la aprendido na sala de aula. As diferenças são superficiais ou profundas? Residem no nível dos cálculos ou encontram-se nos modelos matemáticos usados na concepção dos problemas? Há vantagens de uma abordagem sobre a outra? Os modelos ou conceitos usados têm o mesmo poder e a mesma eficiência?
A análise de conceitos A questão das diferenças e semelhanças entre conceitos aprendidos dentro e fora da escola vem interessando psicólogos por muito tempo nas mais diversas condições de comparação. Freqüentemente, as teorias apóiam-se mais sobre pressupostos a respeito da forma de aprendizagem na educação formal e informal,