Cuidadores de amputados
Qualidade de vida dos cuidadores de amputados de membros inferiores
A assistência a doentes crônicos por parentes ou amigos vem se tornando um assunto com evidência crescente na literatura. A qualidade de vida de milhares destes indivíduos exige a atenção de toda a comunidade, e já em 1979 apareceu um estudo onde os autores chamavam estas pessoas de “pacientes ocultos”1. Historicamente, tanto cientistas como clínicos raramente consideravam os cuidadores como um tema de saúde pública. No entanto, os últimos 25 anos mostram uma mudança neste aspecto, com preocupações focadas não somente nas dimensões sociais e psicológicas2. Trabalhos pioneiros como os de Shanas3 e Brody4 auxiliaram o entendimento das relações na díade cuidador-paciente. Estudos recentes focaram as estratégias de enfrentamento e as exigências requeridas dos cuidadores pela assistência a parentes com demência5. Cuidadores de pacientes com síndrome de Down apresentaram aspectos emocionais alterados com indícios importantes de sobrecarga6. O avanço da tecnologia médica e dos conhecimentos nas ciências da saúde vem permitindo que doentes crônicos tenham um aumento significativo de sobrevida. No século XIX e meados do século XX, a assistência a parentes enfermos era uma atividade de curto prazo. A expectativa de vida em 1900 girava em torno dos 45 anos, enquanto que hoje em dia nos Estados Unidos, por exemplo, aproxima-se dos 80 anos2. Os progressos na medicina vêm acarretando não só vidas mais longas, mas também um aumento dramático na necessidade de assistência em longo prazo. Se considerarmos que os objetivos das políticas de saúde pública devem incluir a promoção de indivíduos saudáveis vivendo em comunidades saudáveis, com ênfase na qualidade de vida ao invés de simplesmente ausência de doença, temos então nas mãos um grande problema como algumas comunidades já começaram a detectar. Acrescente-se aos dados descritos acima, o fato de que em décadas anteriores as mulheres formavam a ampla