CRÔNICA
Conteúdo: crônicas
Tipos de crônica:
Como classificar uma modalidade tão maleável como a crônica? O que os textos geralmente têm em comum é a brevidade, a abordagem reflexiva e subjetiva do autor. Apenas a crônica narrativa pode não apresentar um posicionamento impressionista do narrador, atendo-se tão-somente aos fatos, à história criada.
Por isso, na classificação que ora apresentamos, as crônicas foram divididas considerando-se o procedimento textual predominante — o comentário, a narração, o lirismo e outros —, o que não elimina a mescla de procedimentos nem a impressão subjetiva exteriorizada pelo autor. Crônica descritiva:
Quando uma crônica explora a caracterização de seres animados e inanimados num espaço, viva como uma pintura, precisa como uma fotografia ou dinâmica como um filme, temos uma crônica descritiva. A captação impressionista, particularizada e conotativa dos elementos define a descrição subjetiva; a captação referencial, impessoal e denotativa define a descrição objetiva. O descritivismo é sempre veículo para reflexões numa crônica centrada na descrição.
Exemplo:
O mato
Veio o vento frio, e depois o temporal noturno, e depois da lenta chuva que passou toda a manhã caindo e ainda voltou algumas vezes durante o dia, a cidade entardeceu em brumas. Então o homem esqueceu o trabalho e as promissórias, esqueceu a condução e o telefone e o asfalto, e saiu andando lentamente por aquele morro coberto de um mato viçoso, perto de sua casa. O capim cheio de água molhava seu sapato e as pernas da calça; o mato escurecia sem vagalumes nem grilos.
Pôs a mão no tronco de uma árvore pequena, sacudiu um pouco, e recebeu nos cabelos e na cara as gotas de água como se fosse uma bênção. Ali perto mesmo a cidade murmurava, estalava com seus ruídos vespertinos, ranger de bondes, buzinar impaciente de carros, vozes indistintas; mas ele via apenas algumas árvores, um canto de