Crônica Sobre o Amor
“Será Amor?”
A paixão era evidente, havia fogo na relação, vontade de estar ainda mais perto quando já se estava perto. Mas a distância escondia algo que ela não conseguia imaginar.
Era madrugada de um domingo, ela voltava de uma festa onde esteve com amigas. Ao longe, em uma avenida principal, avistou o carro do homem que julgava estar começando a amar e a ser correspondida.
Distante mesmo da boate onde o carro estacionado estava, ela pensou: será que entro e procuro por ele? Ou deixo as coisas como estão, cada um com sua vida enquanto nos conhecemos?
Mas a vontade de ver o seu amor foi maior que qualquer outra mais preservada, como a de não mostrar diretamente o quanto estaria interessada. Foi então que ela resolveu, imediatamente, entrar e se apresentar como “mulher apaixonada”.
Comprou o ingresso, caro, diga-se de passagem, e às escuras de uma boate badalada saiu a procurar por ele. A música lembrava momentos já vividos no mesmo lugar. Incansavelmente, ela subiu, desceu e subiu escadas de novo. De repente entrou em uma fila sem saber onde iria parar. Foi seguindo, seguindo... vinha de cabeça baixa, e quando olhou deu de encontro com o olhar de alguém que pareceu, momentaneamente, aflito .
Era ele, o amor de sua vida. O coração parecia querer saltar do peito, mas a vontade de sentir seu cheiro e a sua boca, foram contidas por um olhar desconcertado e passageiro. Ela sorria quando ele passou e a cumprimentou com um balançar na cabeça, como quem não a conhecia. Um choque seguido rapidamente por outro. O amor da vida dela vinha de mãos entrelaçadas com a de outra moça, a que ela imaginou ser a ex-namorada dele.
O tempo parece ter parado naquele momento, um filme em câmera lenta passava diante dos olhos cheios de lágrimas. E elas, as lágrimas, teimavam em não cair. Se trancaram em uma garganta que queria explodir.
Com os movimentos normalizados, ela tenta correr na multidão. Sem saber direito por onde precisa ir, encontra o mesmo