Crítica Filme Cegueira Branca-Fernando Meirelles

Ensaio sobre a cegueira é um filme totalmente contemporâneo que faz pensar, o diretor brasileiro Fernando Meirelles que reproduziu a obra de Saramago nas telas, aflora a imaginação de seus espectadores que participa intensamente da história, já que Saramago e Meirelles deixam vários pontos abertos para projeções do espectador, como os personagens orientais onde não há tradução do idioma. O filme trabalha bem seu espaço e tempo com cenas estáticas percebidas já nos primeiros minutos, como o sinal de trânsito e a grande cidade. A cidade onde se passa o ‘longa’ não tem nome e nem localização, mesmo com grandes planos da cidade urbana é possível reconhecer as cenas gravadas no Brasil e no exterior, de forma alguma isso interfere na obra já que o ponto em questão era criar uma metrópole qualquer. Os personagens também não ganham nome, no caso são atribuídas ocupações sociais ou características físicas pelo espectador (o médico, mulher do médico, oriental, indiana, mulher de óculos...), uma forma de globalizar a história e de mostrar que a humanidade vive em torno da visão, uma vez que julgamos pelas aparências. Totalmente imprevisíveis, trazem uma carga muito humanística por se assemelharem com a realidade, a cada desencadeamento, a postura dos personagens mudam, isso acontece com a mulher do médico ao pregar a não violência e após isso matar um personagem devido ao espaço de escassez de comida na ala em que vive, o médico ao trair e após isso ela aceita sua redenção, casal oriental quando a mulher decide se entregar aos abusos, quebrando a submissão da mulher na cultura oriental. A narração homodiegética oscilando entre presente e passado caracterizam a história, em nenhum momento os personagens principais ganham voz, já que os personagens secundários narram pequenos pontos do drama. O espaço social no filme entra em colapso, se perde totalmente a civilidade e os padrões morais, a sociedade desperta seu lado primitivo onde se divide em grupos, a relação já não