cromossomal caos and cancer

4516 palavras 19 páginas
O conhecimento construído ao longo dos últimos 30 anos na pesquisa sobre o câncer, baseada principalmente no método reducionista, postula que a doença é genética quer dizer, resultado de mutações ocorridas em certos genes do genoma da célula, especialmente aqueles envolvidos em mecanismos de reparo do DNA. Um eminente e controverso virologista da Universidade da Califórnia em Berkeley, Peter Duesberg, propõe que a transformação da célula normal em célula cancerosa é desencadeada não por mutações genéticas, mas por uma instabilidade em seus cromossomos, tão extensa que leva à formação do que o cientista chama de "nova espécie" celular. Duesberg, desde 1987, afirma que o HIV não causa AIDS.
Aneuploidia: essa é a palavra que vem aparecendo na literatura que relata a pesquisa sobre a origem do câncer neste início do século XXI. "Aneuploidia" descreve uma característica muito evidente para os pesquisadores que observam células e tecidos cancerosos no laboratório. Em relação a seus cromossomos, a célula humana normal é chamada "diplóide", por apresentar dois conjuntos completos de 23 cromossomos; na célula cancerosa, diferentemente, há cromossomos extras, cromossomos faltantes, cromossomos feitos de pedaços fundidos de outros cromossomos. "Uma verdadeira galeria de horror", escreveu a jornalista de ciência Jean Marx sobre o aspecto do genoma de uma célula cancerosa em artigo publicado em 2002 na revista Science, e muito citado quando o tema da relação entre aneuploidia e câncer aparece. Mas essa extrema variação cromossômica é causa ou conseqüência do câncer? Há duas respostas principais para essa pergunta: uma, a predominante e que dirige a pesquisa sobre a origem do câncer há 25 anos afirma que a causa dos cânceres são mutações em genes específicos e que à aneuploidia cabe um papel subsidiário; outra, oposta, postula que a aneuploidia é necessária para "colocar as células no caminho do câncer". Necessária, aqui, no sentido forte: sem aneuploidia, sustentam esses

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