critica
MINHA HISTÓRIA/TRAJETÓRIA DE VIDA INSERIDA NA PROBLEMÁTICA
DA CONSTRUÇÃO DA CIDADANIA E DA NAÇÃO MOÇAMBICANA
Carlos Subuhana1
INTRODUÇÃO:
Se você tem uma família, não precisa inventar outra: é só escrever sobre ela
(Thomas Mann, s.d).
A cultura é o conjunto das representações e dos símbolos pelos quais o homem dá sentido à sua vida, às suas experiências concretas, é a cultura do homem cultivado.
Considerar a cultura nacional como o pilar da identidade cultural e tratar o resto
[...] como locais de subcultura é inteiramente ilegítimo. A resposta ao problema da existência social se faz tanto pelo meio familiar, local, regional, quanto pela participação nacional (Serge Latouche, 1996: 50)
O atual contexto de mudanças e reestruturação econômica-social, que vem trazendo, em Moçambique2, um novo diálogo não só para as relações cidade versus campo, como também para as políticas sociais e econômicas e comunidade rural, motivou-me a desenvolver o presente trabalho. Nesse âmbito assiste-se um esforço de busca de reconciliação das tradições culturais moçambicanas com políticas sociais e econômicas mais amplas.
Meu objetivo principal é procurar entender esse debate ampliando as discussões sobre a construção da nação e da cidadania moçambicana, tendo como ponto de partida a trajetória de minha unidade uterina, inscrita num universo rural moçambicano, convivendo com diversidades culturais e étnicas, e de minha história/trajetória de vida. Não só pretendo mostrar como se deu a construção da nação e cidadania moçambicana, mas também como tem sido a luta para a preservação dos direitos conquistados pelos cidadãos.
Não é por acaso que escolho fazer da minha história de vida um objeto de estudo.
Parti do pressuposto de que não se nasce cidadão, se torna cidadão. A cidadania é algo socialmente construída e a identidade particular faz parte do universo da cidadania.
1
USP (Pós-doutorando) e Casa das Áfricas (Pesquisador Convidado)
Moçambique é